Nas minhas aulas, perto do fim, chega o momento do Post-it Colorido. Vejo vários olhos a olhar para mim e penso quem se destacou mais naquela aula: seja pelo comportamento, pelo esforço ou excelência. A pessoa escolhida recebe um elogio num post-it colorido.

É o meu momento preferido, pelo brilho nos olhos do aluno e o seu sorriso de gratidão. O meu coração fica bem quentinho por saber que naquele dia alguém mais se sente especial. Ouço um “Obrigada professora”, “Ai, estou tão feliz” ou “Sou eu!” e sei que estou no caminho certo.
Claro que este método tem os seus problemas: afinal, há alunos que se sentem injustiçados por não terem sido eles a receber um papel. Contudo, eu relembro-os que chegará a sua vez e que todas as aulas alguém novo irá receber um elogio.
Apercebi-me de outro problema com este sistema: e o último aluno a receber o elogio? E o penúltimo? Desta forma, decidi que a cada 5 aulas, dou um elogio individual a todos os alunos da turma. Desta forma, tenho a certeza que toda a gente recebe sem a sensação de ter ficado para último.
Pequenos gestos podem ter um profundo impacto. Se calhar, aquele aluno que se sente excluído na escola e não recebe amor em casa, ouviu pela primeira vez um elogio em meses. Se calhar, a aluna tímida e esforçada, com aquelas palavras de conforto, vai avançar mais um passo em direção à sua autoestima. A verdade é que não sabemos o que se passa na cabeça de um adolescente e, para ser sincera, todos nós, independentemente da nossa idade, gostamos de elogios.
Há sempre a hipótese de fazer os alunos esforçarem-se e comportarem-se pelo grito, pelas inúmeras faltas disciplinares. Não vou atirar a primeira pedra, afinal, já ensinei dessa forma no passado. Também não digo que não resulte: em alguns casos pode resultar. Mas pensem comigo: em qual dos casos o professor se sente mais feliz e realizado? E se pudemos fazer a diferença na vida de alguém, com um gesto tão simples, por que não?